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Fundação Odebrecht faz 40 anos educando para a vida, pelo trabalho e para valores

Criada em 1965 e com sede em Salvador, a Fundação é uma instituição privada, sem fins lucrativos, mantida pela Organização Odebrecht (Química e Petroquímica, Engenharia e Construção), que atua em 21 países, com 26 mil funcionários

28 de novembro de 2005

Criada em 1965 e com sede em Salvador, a Fundação é uma instituição privada, sem fins lucrativos, mantida pela Organização Odebrecht (Química e Petroquímica, Engenharia e Construção), que atua em 21 países, com 26 mil funcionários

Depois de dois anos de atuação no Baixo Sul da Bahia, a Fundação Odebrecht já colhe frutos da transformação da economia dos 11 municípios dentro desse perímetro. E vai além, rompendo o ciclo nada virtuoso da injustiça social, degradação ambiental e má distribuição de renda que durante décadas assolou a região. Ainda há muito que ser feito, mas as potencialidades emergem e prometem outros feitos. Entre elas, o despontar do turismo ecológico, planejado e sustentável, em parceria com a Bahiatursa.

Criada em 1965 e com sede em Salvador, a Fundação é uma instituição privada, sem fins lucrativos, mantida pela Organização Odebrecht (Química e Petroquímica, Engenharia e Construção), que atua em 21 países, com 26 mil funcionários. “Em 2005, os recursos destinados foram da ordem de R$ 9 milhões e, para 2006, o orçamento prevê um incremento, totalizando R$ 10 milhões”, informa o superintendente da Fundação Odebrecht, Maurício Medeiros.

Desde 1988, tem como missão contribuir para promover a educação de adolescentes para a vida, visando sua formação como cidadãos responsáveis, conscientes, produtivos, participativos e solidários.

Ao se deparar com os baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Baixo Sul, o engenheiro e empresário Norberto Odebrecht, 85, decidiu assumir a sua parte, enunciando a função, para ele, de todo empresário: servir à comunidade. “O problema é que todo mundo é egoísta. O homem quer ser servido e não quer servir. Quero contribuir para formar gente que presta. Nossa obrigação é formar novas gerações com melhores valores. Tudo o que herdamos deve ser retribuído”, ressalta.

O empresário aposta na atividade produtiva, com receita maior que o consumo, como superação da pobreza. “É preciso apoiar quem trabalha e partilhar. É a lógica do capitalismo, é o jogo do ganha-ganha”. E avalia que o homem que trabalha quer ser julgado. “Se formos submetidos hoje a algum crivo, está tudo podre”, disse, em referência às atuais denúncias de corrupção no governo federal. Vítima de paludismo na infância e de febre tifóide aos 48 anos, Norberto Odebrecht recorre constantemente à Tecnologia Empresarial Odebrecht (TEO), um sistema de crenças e valores que visa à construção do futuro, a partir da mobilização das forças do presente. “A TEO é a arte de coordenar tecnologias específicas, para satisfazer o cliente e a comunidade”.

Tal sistema – que remonta à Reforma Protestante e às origens prussianas do empresário pernambucano, que começou a trabalhar aos 14 anos- permeia a atuação de todos os integrantes da organização homônima e do seu braço social. “Estamos experimentando, com êxito, um sistema de governança, reunindo comunidade, governos e iniciativa privada com pragmatismo”, revela o engenheiro Marcelo Walter, 44 anos, líder do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul (Ides), parceiro do Programa de Desenvolvimento Integrado do Baixo Sul da Bahia (DIS Baixo Sul), que recebeu R$ 23,7 milhões, desde fevereiro do ano passado.

Resultado de uma parceria entre a Fundação Odebrecht, o governo do Estado da Bahia, por meio das Secretarias de Agricultura e Reforma Agrária e de Combate à Pobreza, Associação dos Municípios do Baixo Sul (Amubs), Ides, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a auditora Price Waterhouse Coopers, o DIS Baixo Sul já contabiliza resultados nos sete projetos encaminhados: Organização de Conservação de Terras (OCT); Cadeia Produtiva da Mandioca; Cadeia produtiva da Aqüicultura; Cadeia Produtiva do Palmito; Casas Familiares Rural e do Mar; Casa Jovem e Instituto Direito e Cidadania (IDC).

No município de Tancredo Neves, por exemplo, a safra de mandioca, que até 2000, antes do lançamento da Cooperativa de Produtores Rurais (Coopatan) e da parceria com técnicos da Embrapa, anunciava rendimentos de oito toneladas da raiz por hectare, hoje produz, em média, 25 toneladas por hectare. Os 670 cooperados, reunidos em 34 associações e propriedades de quatro hectares, recebem instrução para planejar, orçar, plantar e monitorar suas lavouras.

“Estabelecemos em Tancredo Neves o maior campo de experimentos de mandioca na América Latina. A propriedade foi comprada pela Fundação. Aqui, cultivamos 109 tipos da planta. Queremos dar todo o aproveitamento à planta, que em geral desperdiça 90% nos cultivos tradicionais. Aqui, estamos conseguindo aproveitar tudo, inclusive a cepa para a produção de lenha. Isso quebra o paradigma de que a mandioca é cultivo de pobre”, declara o agrônomo Marcelo Abrantes.

De acordo com o presidente da Coopatan, Josias Nunes da Silva, 63 anos, os cooperados participam de todo o processo da cadeia produtiva, desde a plantação até a venda para o varejo. “A renda mensal das famílias passou de R$ 220 para R$ 486”.

Genival Meneses de Melo, 34 anos, líder de produção da fábrica de farinha mandioca, doada a fundo perdido pela Fundação à Coopatan, em agosto de 2005, diz que pelo menos 1.600 famílias dependem desse projeto. “Precisamos vender mais nosso produto, já que aqui um quilo sai a R$ 0,88, enquanto um similar industrial é comercializado a R$ 0,45. O consumidor deve reconhecer o valor agregado em nossa farinha”. A fábrica já processa 60 toneladas de raízes por dia, gerando 20 toneladas diárias de farinha, transformadas em cinco marcas enviadas para as prateleiras da Rede Wal-Mart/Bompreço e Ebal/Cesta do Povo.

Outras iniciativas planejadas, mecanizadas e organizadas com o apoio das instituições que apóiam o DIS Baixo Sul, como as culturas de palmito, peixe (tilápia) e piaçava também estão impulsionando o desenvolvimento das comunidades locais. O conhecimento tecnológico se alia ao tradicional, visando à promoção da qualidade de vida e à preservação do meio ambiente. Marcelo Walter, que atua na organização Odebrecht há quase dez anos, revela que, com esse modelo bem-sucedido de intervenção social, consegue influenciar políticas públicas, a partir da relação e de demandas da comunidade.

Finalista do Prêmio Objetivo de Desenvolvimento do Milênio (ODM), a experiência baiana aponta desde já para exportação. O pescado é carro-chefe, e deve ser seguido por outros produtos advindos de cadeias produtivas oriundas do DIS, baseado no princípio de parcerias intersetoriais com o crescimento simultâneo
dos capitais humano, social, produtivo e ambiental.

“A melhor comemoração é a fixação dos filhos desses agricultores no campo, evitando o êxodo rural. Muitos deles desistiam de estudar e agora reacendem o desejo pelo saber, a pertinência ao campo, às tradições rurais. O alfabetismo funcional pode inclusive ser superado a partir da pedagogia da alternância”, revela Joana Almeida, 52 anos, coordenadora pedagógica da Casa Familiar Rural, que atende jovens de 16 a 21 anos de Tancredo Neves, Ituberá, Taperoá, Valença, Cairu, Nilo Peçanha, Piraí do Norte, Igrapiúna, Camamu, Maraú e Ibirapitanga, que formam o Baixo Sul da Bahia, que somam 250 mil habitantes. “Metade deles vive abaixo da linha de pobreza. Com as intervenções da Fundação, a transformação social se faz possível e o futuro dessas comunidades desponta mais promissor”, complementa Joana.

O estudante da Casa Familiar Rural Edson de Sousa Nunes, 21 anos, argumenta que é um empreendedor, já que estuda e trabalha na propriedade de seus pais, mas quer ser empresário rural. “Quando a gente quer aprender, tem de correr atrás”.

As casas familiares rural e do mar abrigam jovens que associam teoria e prática. Preparados para liderar suas comunidades e se tornarem pequenos empresários, responsáveis por ajudar a construir o patrimônio moral e material indispensável ao desenvolvimento sustentável, os jovens já estão assumindo posições de destaque, em sindicatos e associações rurais.

Ensinando a pescar

Outra amostra bem executada pelos parceiros da Fundação no Baixo Sul da Bahia, é o trabalho integrado entre o capital produtivo e o ambiental, a partir da Cooperativa Mista de Marisqueiros, Pescadores e Aquicultores (Coopemar), que inibe a pesca extrativista e proporciona uma melhor qualidade de vida às 63 famílias que se dedicam à produção de tilápias e ostras. Até o final de 2005, a Coopemar, apoiada igualmente pelo BNDES, entre outros, pretende colocar no mercado mais de 108 toneladas de peixe – criados em tanques-berçários, antes de serem distribuídos aos cooperados para engorda nos tanques-rede-, e concluir a capacitação de mais famílias de aqüicultores. Atualmente, a produção total é de 14,5 toneladas/ano. Com o olhar empresarial desperto, a renda média das famílias cooperadas saltou para R$ 600.

Predominantemente masculina, a incursão feminina na pesca vislumbra seguidoras. “Temos pelo menos 25 mulheres e 30 homens na fila de espera pela capacitação, que dura cinco meses”, admite Luciano Freitas dos Santos, 26 anos, presidente da Coopemar. Damiana da Cruz, 39 anos, separada e mãe de cinco filhos, conta que deixou de mariscar há três meses. “Agora, crio meus peixes (tilápias) e não apenas espero por dias melhores, faço por isso”. Quem também concorda com ela, é o biólogo marinho Roque Fraga, 46 anos, segundo quem o projeto está reduzindo drasticamente o impacto ambiental no estuário, já que os resíduos fruto da pesca predatória diminuem, assim como a mortandade de peixes.

Limites

A Cadeia Produtiva da Piaçava, na comunidade de quilombolas de Jatimani, em Pratingi, reúne 172 pessoas. Mesmo projetando boas ofertas, como uma fábrica de vassouras com design arrojado, a iniciativa esbarra em limites próprios de seu universo, como o envolvimento do trabalho infantil. P.C.R, 12 anos, diz confeccionar 51 pentes de piaçava por semana. “Faço pente durante cinco horas por dia, depois vou para a escola (quarta série do ensino fundamental). Ganho R$ 21, que dou a minha mãe. Fico só com R$ 1 pra mim”, afirma, mostrando os dedos cortados pelos fios da palha. Prática integrada à tradição rural, a contribuição infantil ao orçamento doméstico aqui não impede o acesso escolar, mas, certamente, não facilita. A Fundação reconhece a ocorrência e tenta sobrepô-la, instituindo lazer e ensinos paralelos de informática, artesanato, percussão e resgate à cultura negra e apostando na educação pautada em valores acima de tudo. Convencida de seu papel, que a TEO reafirme sua máxima de que “só existem bons ventos para quem sabe para onde vai”.

Fonte: Portal Instituto Ethos – Notícias da semana: 24/11 a 01/12
Repórter: Andréa de Lima

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