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Tilápias entram no clima

A tilápia vem ganhando prestígio no mercado mundial, com uma média de 7,12 mil toneladas por ano. Por ser de água doce, passa por um processo de aclimatação para se adaptar ao ambiente estuarino.

3 de dezembro de 2007

A tilápia vem ganhando prestígio no mercado mundial, com uma média de 7,12 mil toneladas por ano. Por ser de água doce, passa por um processo de aclimatação para se adaptar ao ambiente estuarino.

Fonte: Jornal A Tarde, 03 de dezembro de 2007.
Repórter: Cristina Santos Pita

Carne com um sabor suave, sem espinhas e de baixo teor de gordura, fácil adaptação tanto ao clima frio quanto ao quente e relativa facilidade de procriação em cativeiro. Estamos falando da tilápia, um peixe originalmente de água doce, cuja produção está
beneficiando 49 famílias das comunidades de Torrinhas, Alves, Tapuias e Canavieiras, no município de Cairu (a 308 km de Salvador), que têm, como atividade principal, a criação desse peixe em tanques-redes.

Alguns combinam a piscicultura com atividades tradicionais, como mariscar ou cortar piaçava e dendê. “Os produtores vão fechar o ano com produção acima de 300 toneladas do peixe inteiro”, comemora Leonardo Moura, líder da Cadeia Produtiva da Aqüicultura.

A tilápia vem ganhando prestígio no mercado mundial, com uma média de 7,12 mil toneladas por ano. Por ser de água doce, passa por um processo de aclimatação para se adaptar ao ambiente estuarino. O alevino chega com um grama. Ao final de seis meses, chega a um peso acima de 600 gramas. “O peso ideal para despesca fica entre 700 a 800 gramas”, conta Leonardo Moura.

A aqüicultura surgiu como alternativa à pesca predatória no baixo sul, que vinha dizimando peixes e mariscos do estuário (encontro do rio com o mar).

RENDA – Com a implantação de 33 módulos de criação de peixes, em 2002, a renda mensal das famílias envolvidas aumentou de R$ 200 para R$ 600. Nos últimos três anos, já foram produzidos mais de 650 mil quilos de tilápia, sendo a produção de 2007 acima de 300 toneladas do peixe, criados nos 490 tanquesredes espalhados nestas quatro comunidades. “Cada tanque-rede custa em média R$ 700. Mas os de Cairu foram financiados a fundo perdido pela Fundação Odebrecht, parceira do projeto”, ressaltou Fábio Pereira Ribeiro Nepomuceno, da comunidade de Torrinhas e técnico comunitário da área de produção.

A produção mensal varia nas estações de inverno e verão, explica Leonardo Moura. Com as chuvas, há maior aporte de água doce, propiciando maior produção, que pode chegar a 54t/mês; no verão, a estiagem permite uma maior influência da maré e a capacidade produtiva cai para 40 t/mês. Alguns produtores, mais cuidadosos no manejo do peixe, se destacam e, em quatro meses, obtêm resultados acima de R$ 4 mil. “A tilápia foi a única espécie de peixe com ciclo completo, da alevinagem à ração”, salientou Fábio Nepomuceno.

COOPEMAR – O projeto foi iniciado em 2000, quando os pescadores receberam treinamento sobre associativismo, organização dos negócios e noções técnicas sobre a criação de peixe em tanques-redes e criaram em 2003 a Coopemar. “Em seguida, houve a formação de equipe técnica, identificação de aqüiculturas, articulação da comunidade local e capacitação das famílias. Dois anos depois, recebemos os equipamentos e começamos a produção das tilápias nos estuários”, ressaltou Leonardo Moura, acrescentando que “a meta em 2007 é atender a 53 famílias”.

A Coopemar possui hoje 127 associados. Todas as etapas da instalação do projeto têm o acompanhamento de técnicos das instituições parceiras, que abraçaram a idéia, como a Bahia Pesca, ligada à Secretaria da Agricultura e Reforma Agrária do Estado da Bahia (Seagri), a Secretaria do Trabalho e Ação Social do Estado da Bahia (Setras) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além do Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul (Ides), em Ituberá.

TORRINHAS – É uma pequena vila de pescadores com cerca de 500 habitantes, localizada a 14 km do município de Cairu. A boa qualidade da água e a redução da população de peixes na área do estuário favoreceu o crescimento da instalação dos tanques-redes. O movimento no pequeno cais de Torrinhas reúne os pescadores logo cedo pela manhã.

Num barco pesqueiro, eles seguem para os tanques-redes. Cada um dos 10 tanques tem capacidade para receber 900 juvenis. Os tanques são gaiolas colocadas nos rios dentro das quais ficam confinados os peixes por 120 dias. Após esse período, as tilápias atingem entre 650 e 950 gramas. O clima de otimismo entre os pescadores é geral, eles que acreditaram na viabilidade do
projeto.

É dia de despesca, que dura em média seis horas e conta com a participação dos criadores. Parece uma aventura; a diferença é que dá um bom lucro. Ao contrário de jogar a rede e pescar apenas para alimentação, já que os peixes comuns e os mariscos sumiram do estuário.

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