Edição 139 – Apoio essencial a quem produz
Ações de fortalecimento das famílias de agricultores são o caminho para assegurar a sustentabilidade.
4 de fevereiro de 2009
Ações de fortalecimento das famílias de agricultores são o caminho para assegurar a sustentabilidade.
4 de fevereiro de 2009
Texto: Vivian Barbosa
Fotos: Eduardo Moody
“Ah! Ela é como se fosse da família”. A frase é dita de maneira bem-humorada pelo agricultor Artur de Souza. A cada dois meses, ele abre as portas de sua casa, na comunidade de Paratapas, no município baiano de Camamu, para receber a jovem Tatiane Moreno, da Cooperativa de Produtores de Palmito do Baixo Sul da Bahia (Coopalm). Artur responde às perguntas feitas por Tatiane que acompanha e avalia seu trabalho junto à cooperativa e recolhe sugestões. “Ela também descobre quais as necessidades da minha família e nos orienta até sobre como e onde conseguir um CPF”, diz o agricultor.
Nascida em Camamu, Tatiane, 26 anos, é graduada em Administração de Empresas e ajudou a implantar, em 2005, o Serviço de Atendimento ao Cooperado (SAC) da Coopalm. A cooperativa, integrada ao Programa no Baixo Sul, lidera a Cadeia Produtiva do Palmito na região. “Somos a conexão entre o produtor, no campo, e os diversos setores da Coopalm”, explica Tatiane. Antes desse desafio, a jovem, aos 19 anos, já participava de projetos apoiados pela Fundação Odebrecht, que, na época, coordenava o Programa Aliança com o Adolescente.
Pelo segundo ano consecutivo, o SAC realiza ações voltadas às famílias dos cooperados. Paulo, Rafaela, Manoela e Samuel Souza, quatro dos sete filhos de Artur, participam do Meta Jovem e estão recebendo aulas de informática. “Focamos nosso trabalho nos jovens porque acreditamos que eles serão os motores da sustentabilidade de seus pais. O objetivo maior é fortalecer a unidade-família”, afirma Tatiane. “Ao fim da formação, esses jovens terão a responsabilidade de passar seus conhecimentos para a comunidade, atuando como multiplicadores”, conclui.
Aos 17 anos, Manoela se sente orgulhosa em participar de uma iniciativa que defende a valorização da família, crença de que ela mesma compartilha: “Lutamos muito para que nossa vida melhore. Tatiane sempre despertou em nós o desejo de trabalharmos unidos, pois assim poderemos crescer a cada dia”, declara.
Um novo ciclo
Outras três cadeias produtivas fomentam oportunidades para geração de trabalho e renda no Modelo de Desenvolvimento Integrado e Sustentável do Baixo Sul, com foco na APA do Pratigi: aqüicultura, mandioca e piaçava. Ao todo, reúnem 791 cooperados, beneficiando, indiretamente, mais de 3.100 pessoas.
A estratégia adotada visa impulsionar as três etapas da cadeia produtiva. No setor primário, o agricultor familiar, organizado em cooperativa, tem acesso às novas tecnologias, que lhe garantem sucesso na quantidade e na qualidade de seu cultivo. No secundário, uma indústria de beneficiamento agrega valor ao produto que segue para as prateleiras do supermercado. Ocorre a articulação com um parceiro varejista (setor terciário), responsável por aproximar o pequeno produtor do consumidor final. Este último contribui, com seu poder de compra, para a geração de renda justa e direta ao cooperado.
“Produzimos e sabemos quanto vamos ganhar no fim do mês”, afirma Cremilda dos Santos, 39 anos, moradora da comunidade de Lagoa Santa, em Ituberá. Há dois anos, ela faz parte da Cooperativa das Produtoras e Produtores da Área de Proteção Ambiental do Pratigi (Cooprap) e garante uma renda extra de R$ 300,00 com a produção de peças à base de fibra da piaçava. “Criamos bolsas, bandejas e porta-pão. Durante o dia, trabalho na roça. À noite, com a luz do candeeiro, faço artesanato”, diz ela.
A motivação de Cremilda com suas novas conquistas é tamanha, que ela voltou a estudar. Hoje, cursa a quarta série do ensino fundamental. Ela também convidou a prima, Maria dos Santos, para ser sua pupila na campanha “Adote um Cooperado”. Como a demanda por peças tem sido crescente, os associados são incentivados a divulgar o trabalho da Cooprap e atrair mais pessoas interessadas em aprender a técnica.
Questionada sobre sua idade, dona Maria, como é chamada pelas vizinhas, responde que passou dos 60: “A cabeça já não dá conta”, brinca. Ela ainda utiliza a enxada como principal instrumento de trabalho, plantando hortaliças no quintal de casa. Está nas primeiras agulhadas de sua atividade como artesã. “Espero aprender muito bem esse ofício. Quero abandonar o dia-a-dia pesado e viver apenas do artesanato. Meu corpo está pedindo esse descanso. E meu coração também”, desabafa.
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