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A história da Fazenda Tubarão

Com apoio da Organização de Conservação da Terra, família de agricultores consegue recuperar terreno desmatado. Confira!

17 de abril de 2018

Da estrada de terra que corta a comunidade de Cachoeira Alta, em Piraí do Norte (BA), já é possível avistar a casinha rosa onde moram Seu Arival e Dona Lourdes Mamédio. O verde, assim como em toda a zona rural do Baixo Sul da Bahia, predomina nos 32 hectares da propriedade, chamada de Fazenda Tubarão. Mas nem sempre foi assim. Em 2011, o casal comprou um terreno tomado pelo mato, com baixa produtividade e muitas melhorias a serem feitas. Hoje, com o apoio da Organização de Conservação da Terra (OCT), orgulham-se em mostrar aos visitantes toda a área produtiva que possuem, que vai dos Sistemas Agroflorestais (SAF) biodiversos e agroecológicos, modo de plantio que combina culturas agrícolas com espécies arbóreas e não utiliza agrotóxicos, até a horta cultivada por Dona Lourdes. à mesa, levam a própria produção: cacau, banana, mandioca, jenipapo, aipim, graviola, jaca, pimenta, entre outros. Para beber, aos convidados servem água de coco.

Desde que começou a ser beneficiada pela OCT, a produção da família cresceu em 58%. Em 2012, pouco depois de adquirir a terra, a renda da família com a produção agrícola contava apenas com a comercialização de cacau e cravo-da-índia. Já em 2017, com a diversificação da produção, foram vendidos cacau, cravo-da-índia, látex, hortaliças, frutas e ovos de galinha caipira. Hoje, a colheita da Fazenda Tubarão, além de servir para a subsistência, é disputada na feirinha de agricultores de Piraí do Norte. Lá, além dos frutos, Dona Lourdes vende bolos de aipim e de puba que prepara com os ingredientes que colhe em casa. “Também faço encomendas aqui na região. Quando chego na feira, vendo tudo rapidinho!”, lembra ela.

Esse sucesso se deve a um diferencial: o manejo agrícola orgânico e a gestão de propriedade. Para aparar o mato, são usadas roçadeiras, nada de veneno. “Antigamente quase não se via roçadeiras por aqui. Hoje, as pessoas já estão começando a ter a consciência de que o veneno mata o solo”, contou Seu Arival. O produtor também faz o próprio adubo, orgânico. “Aqui não entra químicos. Meus filhos antes não acreditavam que isso daria certo, mas já perceberam o quanto a minha produção está aumentando dessa forma. Eles já estão começando a se interessar pelo manejo orgânico”, comentou.

Com o apoio do Projeto Germinar, executado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento em parceria com a OCT, Seu Arival construiu um desidratador de frutos, com o qual beneficia jaca, abacaxi e banana. Em 2016, para ampliar os negócios, a família adquiriu um secador solar, onde cravo-da-índia e amêndoas de cacau são beneficiadas, melhorando a qualidade e reduzindo o impacto ao meio ambiente. Os produtos ainda estão em fase de experimento, mas a ideia é, em breve, leva-los à feira. “Todo mundo que vem aqui e prova, gosta! Já estamos terminando os testes para começar a comercializar”, disse.

O casal, que cresceu em contato com a agricultura, hoje é referência na região, onde realizam dias de campo para capacitar e orientar seus vizinhos quanto às técnicas sustentáveis utilizadas na propriedade. Enquanto mostra as mudas de cacau em seu viveiro, Seu Arival já conta que, em um futuro próximo, irá plantá-las na frente de casa, passando de 1 para 5 hectares de SAF implantados: “daqui a pouco, tudo isso aqui será floresta”.

Abraço verde

Quando chegaram à propriedade, uma das primeiras orientações que Seu Arival e Dona Lourdes receberam foi a de recuperar a nascente. Com ajuda da OCT, protegeram uma nascente que estava em área de pasto abandonado. “Todas elas são, obrigatoriamente, áreas de Preservação Permanente (APP). O que o agricultor deve fazer é reflorestar o entorno, evitando o assoreamento e contaminação dos mananciais. Por isso, em pequenas propriedades, para aumentar a área produtiva e promover a conservação ambiental, incentivamos a implantação de SAF biodiverso, com manejo agroecológico, próximo às nascentes. Eles são como um abraço verde que protege a água”, esclareceu Bruna Sobral, responsável por Planejamento Socioambiental da OCT.

Com a implantação de SAF biodiversos e agroecológicos, Seu Arival e Dona Lourdes conseguiram tornar a fazenda produtiva novamente

Além de apoiar agricultores familiares por meio da transferência de tecnologias, a organização também trabalha para estruturar suas propriedades como um todo. Onde não tem saneamento básico, como era o caso da fazenda de Seu Arival e Dona Lourdes, é construído um sistema para adequar.

Em 2004, a OCT, com o apoio do Governo do Estado, mapeou áreas de produtores do município de Piraí do Norte, levando-os a obter o Título Público comprovando a posse daquela terra. “Alguns produtores nem tinham um documento provando que aquela terra estava em seu nome. Isso dificulta muito para conseguir empréstimos ou firmar parcerias, por exemplo”, explicou Bruna.  Hoje, a organização apoia a regularização ambiental das propriedades por meio do Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais (CEFIR), regulamentando o terreno frente o Estado.

A Organização de Conservação da Terra é apoiada pela Fundação Odebrecht através do Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade (PDCIS).

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