Educação contextualizada, saberes integrados
Estudantes e educadores das Casas Familiares falam sobre a proposta de educação das unidades de ensino. Confira seus depoimentos!
11 de abril de 2018
Estudantes e educadores das Casas Familiares falam sobre a proposta de educação das unidades de ensino. Confira seus depoimentos!
11 de abril de 2018
“Escola, para mim, é a base de tudo. é onde nos preparamos e aprendemos a valorizar as pessoas e entender seus limites”, foi o que disse Geisa dos Santos, 16 anos, estudante da Casa Familiar Rural de Igrapiúna (CFR-I) quando perguntada sobre o que a escola significa para ela. O que a levou a estudar na CFR-I foi a vontade de continuar na comunidade de São João, município de Ituberá, onde hoje mora com a família. “Meus irmãos foram todos para longe, Salvador, São Paulo… Mas eu não quero sair, quero evoluir com a minha comunidade”, completou.
Para dar a oportunidade aos jovens de permanecerem no campo com qualidade de vida, nasceram as Casas Familiares, escolas que integram o Ensino Médio ao técnico a partir de temas contextualizados à zona rural do Baixo Sul da Bahia, onde estão localizadas. Atualmente, elas são três: a CFR-I, que oferece o curso de Educação Profissional Técnica em Agronegócio integrado ao Ensino Médio, a Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN), que alia o Ensino Médio ao Ensino Técnico em Agropecuária, e a Casa Familiar Agroflorestal, em Nilo Peçanha, com o Ensino Médio ligado à Educação Profissional Técnica em Florestas.
Nas Casas Familiares, “educação contextualizada” e “currículo integrado” são termos-chave. “A nossa proposta principal aqui é integrar”, disse Tailã de Souza, assessora pedagógica e professora de Língua Portuguesa da CFR-I. “O objetivo é trazer os assuntos abordados nas disciplinas da Base Nacional Comum para a realidade da zona rural. Em Língua Portuguesa, por exemplo, trabalhei a estrutura de ata. Foi muito interessante porque os alunos participaram, falaram como as atas são feitas na associação das comunidades deles… Foi uma troca de conhecimentos muito rica”, explicou.
Orientando todo esse sistema, há a Pedagogia da Alternância, metodologia comum às três Casas em que os estudantes passam uma semana na instituição de ensino, com aulas na sala e no campo em período integral, e duas na propriedade da família, aplicando os novos aprendizados. Em cada alternância, é abordado um assunto diferente. “Quando as aulas de nível técnico são sobre solo, por exemplo, tento relacionar também com a Língua Portuguesa, lendo e interpretando textos sobre o tema”, concluiu Tailã.
O mesmo faz Sirleia Malta, assessora pedagógica e professora de Português e Letramento da CFR-PTN. “Os assuntos estudados pelos estudantes não são soltos, fazem parte de uma rede que vai integrando o saber. Não podemos depositar os conteúdos como se os alunos fossem caixinhas. Gostamos de mostrar que estudar português tem tudo a ver com matemática; é preciso entender a língua portuguesa para entender as demais ciências. Para fazer uma análise de solo, eles vão ter que trabalhar com biologia, química e física”, esclareceu. No período em que os alunos estão nas propriedades, junto às famílias, essa integração continua. “Eles sabem que precisam relacionar os conhecimentos que adquirem com a produção agrícola que têm em suas casas. Isso facilita muito a aprendizagem deles, o saber, o ser, o compreender e o fazer”.
Para a estudante Geisa, o currículo integrado e a educação contextualizada de fato facilitam o desenvolvimento do jovem. “Fica mais fácil de entender os assuntos. A gente realmente sabe porque estudamos o que estamos estudando. E, depois, podemos colocar tudo em prática, com a nossa família”, comentou.
Adaptação
Mudar para uma nova escola é sempre um processo desafiador, cheio de novidades e aprendizados. Para a estudante da Cfaf Juceli Conceição, 15 anos, a maior diferença entre a Casa Familiar e as outras escolas onde já estudou é o ensino integral. “Chegamos sem conhecer nossos colegas, mas acabamos fazendo amizade rápido. é como se nos tornássemos uma família”, opinou.
De acordo com a Engenheira Florestal Ludmila Nunes, monitora responsável pela turma do segundo ano da Cfaf, é visível o quanto os estudantes evoluem com o passar dos meses. “Mas é realmente um trabalho de formiguinha. Aqui, o convívio entre os alunos é muito coletivo. Com o tempo, vão aprendendo a conviver e a respeitar as diferenças”, afirmou. Outro aspecto importante são as normas da unidade de ensino. “Existem regras de convivência, como em toda casa. Cada um tem que fazer a sua parte, manter seus quartos limpos, cuidar da escola… é realmente como em uma família”.
Quando contou aos pais que gostaria de ingressar na Cfaf, Juceli foi prontamente apoiada. O que eles disseram quando deu a notícia de que havia sido selecionada é o que norteia a filosofia e o funcionamento das Casas Familiares: “estude lá, preste bastante atenção e, quando voltar para casa, nos ensine como fazer”.
As Casas Familiares são apoiadas pela Fundação Odebrecht através do Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade (PDCIS).
Deseja ser parceiro dos
nossos projetos, realizar uma
doação ou contratar nossa consultoria técnica?
Mande uma mensagem
agora mesmo!