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“Em uma experiência como essa, é difícil não sair impactado”

Diretor-presidente da Ideia Sustentável, Ricardo Voltolini fala sobre educação, formação de lideranças e o trabalho das Casas Familiares no Baixo Sul da Bahia

21 de maio de 2018

Em 2018, Ricardo Voltolini, diretor-presidente da Ideia Sustentável, levou seu projeto de formação de líderes, o Líder Geração P (de Propósito), para o Baixo Sul da Bahia. Lá, capacitou os jovens das turmas de terceiro ano da Casa Familiar Agroflorestal (Cfaf) de Nilo Peçanha, da Casa Familiar Rural de Igrapiúna (CFR-I) e da Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN), instituições de ensino apoiadas pela Fundação Odebrecht por meio do Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade (PDCIS).

Depois do evento, que aconteceu na sede da CFR-PTN, ele conversou com a equipe da Fundação sobre sua vivência no processo de formação de líderes sustentáveis, a importância da educação para o futuro e deu sua opinião acerca do trabalho pedagógico realizado com os adolescentes das Casas Familiares.

Confira a entrevista!

Fundação Odebrecht (FO): Você apresentou o Líder Geração P (de Propósito) para os adolescentes das Casas Familiares. Como foi a experiência de levar o conteúdo do programa para os estudantes do Baixo Sul da Bahia?

Ricardo Voltolini (RV): Para mim, foi uma experiência muito rica e uma oportunidade única de testarmos um programa que tem como objetivo trabalhar competências focadas em autodesenvolvimento, e valores e testar a sua receptividade junto à um público que vive em um território rural ao invés do urbano. Foi minha primeira oportunidade de ver esse programa acontecendo para um público rural e fiquei realmente muito impressionado com o nível de interesse, concentração, foco e as interações muito inteligentes dos jovens. Em uma experiência como essa, é difícil não sair impactado. O Líder Geração P (de Propósito) nasceu de algo maior, chamado Plataforma Liderança Sustentável e das entrevistas com 250 líderes. Fizemos um filtro desse material até chegar a competências que são universais e podem ser trabalhadas com qualquer jovem e em qualquer lugar do mundo.

FO: Quais foram então as principais diferenças de realizá-lo para alunos da zona rural?

RV: Dois aspectos foram mais importantes. O primeiro foi testar o programa e toda a estrutura dele – seu formato, as dinâmicas, metodologia, a trilha de conhecimento, o diário de bordo, anotações e interações nos exercícios. E a outra é imponderável, quando você encontra pela frente um grupo que não te conhece e vive uma realidade muito diferente da sua. E perceber que o programa se encaixou tão perfeitamente a um conjunto de estudantes com uma visão de mundo diferente foi para mim a parte mais rica dessa história.

Alunos das três Casas Familiares apresentaram suas perspectivas sobre liderança e sustetabilidade

FO: O Líder Geração P (de Propósito) estimula o protagonismo em uma visão sustentável e a metodologia das Casas Familiares apoiadas pelo PDCIS trabalha justamente para formar jovens protagonistas. Como você percebe essa relação?

RV: O nosso programa tem uma metodologia que é muito próxima do Construtivismo. Você não apresenta um conjunto de conhecimentos definidos e categorizados. A reação do aprendiz não é passiva, é ativa. Ele que constrói o próprio conhecimento a partir das provocações que fazemos. Nesse sentido, a metodologia combina com o trabalho que já é feito com as Casas Familiares a partir da Pedagogia de Alternância. E é claro que fica muito mais fácil trabalhar um programa como esse, que é de desenvolvimento de habilidades, sentimento e valores, quando os jovens já conseguem expressar suas crenças e valores neste ambiente de aprendizagem. Como eles conseguem expressar o que pensam, querem e sentem no programa de desenvolvimento deles aqui, esse foi uma extensão. Senti muita sinceridade na participação deles.

FO: Pensando em sustentabilidade ambiental, qual a sua percepção acerca da relação dos jovens com este tema?

RV: Uma das discussões que se tem com sustentabilidade nos centros urbanos seria uma espécie de reconexão do indivíduo com a natureza. Para esses meninos, não. Eles já são conectados com a natureza, só que ela passa por problemas. Para mim, o que mais chamou atenção foi quando eles falam “eu adoro essa natureza, sou parte dela, mas ao mesmo tempo sei que ela tem problemas”. Todos contam as mesmas questões – poluição dos rios, queimadas, estradas ruins, dificuldade de ir e vir – e isso para mim é de uma riqueza muito grande. é aquele processo educacional em que o professor vem para ensinar e aprende. Na verdade, nós aprendemos essa realidade que para mim é teoria. Isso é a vida deles, eles vivem isso no dia a dia. E eles buscam por uma solução.

FO: Durante a capacitação, você comentou com os alunos que pretende levar o trabalho das Casas Familiares adiante nos seus projetos. Como planeja fazer isso?

RV: O primeiro registro mais importante que eu gostaria de fazer é o jornalístico mesmo, no sentido de contar a experiência o mais detalhado possível. Quero transformar os planos de ação feitos nas dinâmicas em algo que eu possa divulgar na plataforma Liderança Sustentável. Gostaria muito de mostrar que esses meninos são tão líderes quanto os outros. é um sonho antigo que tenho, fazer isso com líderes que temos de diferentes formações e idades. Acho que agora nosso trabalho é tentar sistematizar isso e ver como vamos comunicar. Tem um trabalho legal também, ainda de construção, que é documentar o máximo possível daqui para que seja realmente a experiência educacional mais relevante que temos para formar jovens protagonistas em sustentabilidade. Quero, de alguma maneira, contar as histórias desses meninos e meninas.

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