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Baixo Sul – Referência de agricultura sustentável

Fonte: A TARDE

5 de junho de 2019

Fonte: A TARDE

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RECONHECIMENTO Propriedade baiana ganha destaque internacional por práticas de conservação da terra e produção

Baixo Sul: referência de agricultura sustentável

Em meio às subidas e descidas pela comunidade de Cachoeira Alta, na zona rural do município de Piraí do Norte, no Baixo Sul da Bahia, está a Fazenda Tubarão, onde vivem seu Arival e dona Lourdes Mamédio. É nessa propriedade de 32 hectares que seu Vavá, como é carinhosamente chamado, orgulha-se em apresentar aos visitantes o trabalho realizado com o apoio da Organização de Conservação da Terra (OCT), onde transformaram uma área com baixa produtividade em uma fazenda referência em conservação da terra e manejo agrícola orgânico e reconhecida com certificações internacionais.

Com a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAF) biodiversos e agroecológicos, modo de plantio que combina culturas agrícolas com espécies arbóreas e não utiliza agrotóxicos, seu Vavá e dona Lourdes tiveram um incremento na produção de 58% e, hoje, comercializam não apenas o cacau e o cravo-da-índia, como também banana, mandioca, jenipapo, aipim, graviola, jaca, pimenta, cupuaçu, cajá, além de látex, urucum e as hortaliças vendidas por D. Lourdes, aos sábados, junto com o bolo de puba na palha, na feirinha da cidade.

Agricultor Arival Mamédio, o seu Vavá, prepara a biocalda na Fazenda Tubarão, cuja produção cresceu 58% | Crédito da foto: Aleile Moura / Agência A TARDE

O casal, que cresceu em contato com a agricultura, hoje é referência na região, onde realizam dias de campo para capacitar e orientar seus vizinhos quanto às técnicas sustentáveis utilizadas na propriedade. Esse destaque se deve ao manejo agrícola orgânico e a gestão de propriedade.

Compartilhando

“Eu nasci e me criei na roça, hoje tenho 73 anos, e só vim aprender como trabalhar verdadeiramente na lavoura a partir de 2012, quando chegaram aqui dois técnicos da OCT perguntando se eu tinha nascentes para recuperar e áreas degradadas na propriedade e, então, me pediram um hectare de terra para fazer um SAF, aí eu fiquei meio cismado, mas explicaram que queriam me ajudar e trabalhar essa terra para ser um demonstrativo. E assim fizemos. Tudo que aprendi aqui, compartilho com outros produtores, pois assim aprendemos ainda mais uns com os outros”, conta seu Vavá, ressaltando que a primeira orientação que recebeu foi a de recuperar uma nascente que estava em área de pasto abandonado e do uso de adubos orgânicos, deixando de lado os produtos agrotóxicos.

Enquanto mostra a sua roça de cacau, seu Vavá explica, orgulhoso, a maneira que cuida da lavoura: “Aqui não se usa veneno. Faço o meu próprio adubo usando insumos da própria propriedade e fico menos dependente do mercado externo, além disso, trago mais saúde para mim e para a minha família. Hoje, não tenho receio de trazer os meus netos para a roça”, afirma seu Vavá, que complementa: “Além da implantação do SAF e dos cuidados com o solo, aprendi a fazer a poda do cacau corretamente. Antes eu podava as árvores de qualquer jeito, mas hoje quando tiro um galho sei o porquê estou tirando, sei o tempo correto para a colheita e aprendi todo o processo para chegar ao resultado de uma amêndoa superior – desde o tempo de fermentação até a identificação da sua qualidade. E tudo que aprendo aqui compartilho, sou um multiplicador de conhecimento”.

Certificação

A fazenda de seu Vavá recebeu, em 2015, a certificação socioambiental com o selo Rainforest Alliance (RFA), que certifica o produtor que cumpre todos os princípios socioambientais e, em 2016, a propriedade migrou do título socioambiental e passou a ser reconhecida como orgânica, que inclui também os aspectos sociais e ambientais.

“Em 2013, o Ministério da Agricultura do Brasil fez uma parceria com o Ministério da Agricultura do Reino Unido e implementou o projeto Rural Sustentável, através do qual eram identificadas propriedades referência em agricultura sustentável, e a Fazenda Tubarão foi reconhecida como unidade demonstrativa de práticas agrícolas sustentáveis”, explica José Eduardo Santos, coordenador de projetos da OCT.

Abraço sustentável

Além de apoiar agricultores familiares por meio da transferência de tecnologias, a OCT também trabalha para estruturar suas propriedades como um todo. “Hoje, a Fazenda Tubarão é uma propriedade-modelo orgânica, que saiu do manejo convencional e passou a para o manejo agroecológico, diminuiu custos e agregou valor na venda dos seus produtos por serem orgânicos”, explicou Valdomiro Vicente, responsável pela área de Conservação Produtiva na OCT. Além disso, foi implantado na propriedade um sistema de saneamento básico através de fossas sépticas ecológicas.

Organização conquista Prêmio Rural 

A Organização de Conservação da Terra (OCT), instituição apoiada pela Fundação Odebrecht por meio do Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade (PDCIS), foi contemplada em três subcategorias (Veiculação e Continuação de Políticas Públicas, Inovação e Experimentação e Geração de Trabalho e Renda) do Prêmio Rural Sustentável, tendo seu trabalho com pequenos agricultores da região do Baixo Sul da Bahia destacado em âmbito nacional. 

O agricultor Arival Mamédio, o seu Vavá, é um desses pequenos agricultores com os quais a OCT desenvolve um trabalho em prol do equilíbrio dos fluxos de vida (a fauna, a flora, o homem e os seus negócios), dividindo-se em dois centros de resultados: a conservação ambiental e a conservação produtiva, focadas em propriedades na APA do Pratigi, composta pelos municípios de Ibirapitanga, Piraí do Norte, Igrapiúna, Nilo Peçanha e Ituberá. 

“Realizamos um trabalho focado na mudança de comportamento e de conscientização de que eles podem ser sustentáveis economicamente, pois quando buscamos o equilíbrio econômico, podemos focar no ambiental e no social. E seu Vavá é um produtor que está em um estágio de emancipação, pois tentamos não criar uma dependência do agricultor incentivando a sua emancipação, ou seja, que ele tenha uma visão de futuro, que coloque o planejamento proposto pela organização em prática e que traga resultados econômicos, respeitando o meio ambiente, e que ele passe a ser modelo e influencie, com seu exemplo, outras pessoas”, explica Valdomiro Vicente, da área de conservação produtiva na OCT.
 

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