Edição 168 – O grande trunfo da comunidade
Conheça o projeto Protagonismo Juvenil, concebido por oito jovens estudantes da Casa Familiar Agroflorestal
31 de outubro de 2013
Conheça o projeto Protagonismo Juvenil, concebido por oito jovens estudantes da Casa Familiar Agroflorestal
31 de outubro de 2013
texto Gabriela Vasconcellos
fotos Élcio Carriço
A ideia surgiu de repente, em um sonho, e não saiu mais da cabeça de José Renildo Correia, 19 anos. Morador da comunidade São Benedito, no município de Nilo Peçanha (BA), ele entendeu que era hora de iniciar um projeto voluntário que contribuísse para o desenvolvimento da região em que vive. Não poderia, porém, realizá-lo sozinho. “Procurei alguns jovens para que pudéssemos construir juntos”, conta.
Assim foi criado o projeto batizado de Protagonismo Juvenil, que integra oito jovens estudantes da Casa Familiar Agroflorestal (Cfaf) unidade de ensino ligada ao Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade do Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo Sul da Bahia (PDCIS), fomentado pela Fundação Odebrecht em parceria com instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais. Palestras, seminários e ações de reflorestamento de áreas degradadas são as principais iniciativas de conscientização ambiental realizadas pelo grupo.
“A gente sabe que o nosso município tem uma grande extensão de florestas. A população, muitas vezes, acaba não utilizando bem os recursos naturais, e é este o nosso objetivo: orientar para que possam fazer um manejo sustentável”, explica João Victor Moreira, 15 anos, voluntário que também mora na região.
Os conhecimentos aplicados e compartilhados com o público do projeto foram, de acordo com Rafael Alves, 16 anos, adquiridos na Cfaf. “Sempre discutimos a necessidade de desenvolver trabalhos na comunidade. Aprendemos na Casa Familiar que devemos ajudar. Antes, eu não conseguia nem falar em público. Hoje, dou palestras”, comemora.
Há um ano juntos, eles já envolveram mais de mil pessoas, realizaram plantio de 210 mudas de acácia e promoveram a limpeza do Rio do Peixe, que corta a comunidade São Benedito. Para isso, foi necessário buscar parceiros. Sete já foram conquistados, entre eles uma emissora de rádio e a Prefeitura local, que apoiam a iniciativa, e a própria Cfaf. “Convidamos pessoas que poderiam contribuir. Com o auxílio delas, o projeto poderá crescer, se desenvolver e se expandir”, ressalta Laysa Ferreira, 15 anos.
Eles já pensam nessa ampliação. Segundo Samuel Melo, 15 anos, a finalidade é servir de exemplo para outras comunidades. “Pretendemos tornar o trabalho reconhecido em todo o Baixo Sul”, comenta. José Renildo acrescenta: “Estamos começando a trabalhar para isso. Já atuamos na zona urbana de Piraí do Norte, um município próximo. É uma forma de cuidarmos do ambiente em que vivemos, difundindo conhecimento”. A terceira localidade escolhida é São Francisco, comunidade também localizada em Nilo Peçanha e onde reside Juliana Neves, 15 anos, única integrante do grupo que não mora em São Benedito.
“Buscamos incentivar os jovens a permanecerem na área rural, pois o campo tem fundamental importância, já que é daqui que a gente retira o alimento. Queremos contribuir para evitar o êxodo rural”, reforça João Victor dos Santos, 14 anos.
Segundo Patrícia Nascimento, 15 anos, o benefício proporcionado para a região é o que motiva o grupo. “Nós não nos preocupamos em ter retorno financeiro nem pensamos somente em nós. Nossa prioridade é a comunidade.”
Após vivenciar essa trajetória, José Renildo, reconhecido pelo grupo por manter a disciplina do projeto, não poderia imaginar aonde um simples sonho o levaria. Hoje, ele tem certeza de que sonhos foram feitos para ser realizados. “A comunidade de São Benedito foi o primeiro passo. A expectativa é de que todos continuem se doando e investindo o melhor de si. Chegaremos longe”, afirma.
Incentivo ao voluntariado
Para estimular o desenvolvimento de ações voluntárias no Baixo Sul, o Instituto Direito e Cidadania, que também integra o PDCIS, promove o projeto Trilhando Caminhos. Os participantes, que devem ter entre 14 e 18 anos, recebem a oportunidade de se conhecer melhor, aprender outras temáticas sociais e desenvolver habilidades de liderança, além de dominar as ferramentas de informática. A base conceitual dessa iniciativa teve como uma de suas inspirações o livro Juventude, Solidariedade e Voluntariado, de Vilma de Souza, lançado em 2004, com o apoio da Fundação Odebrecht.
A formação dura dois anos e, desde cedo, o protagonismo juvenil é incentivado. Os jovens precisam identificar uma carência na comunidade em que vivem e contribuir para minimizá-la. Um exemplo: Jamiles Souza, 17 anos, e seu grupo decidiram realizar oficinas lúdicas para as crianças de uma creche de Presidente Tancredo Neves (BA), onde mora. “Nossa intenção é, por meio de brincadeiras e atividades de lazer, inserir discussões no ambiente escolar, sobre temas importantes como a prática do bullying. Reunimos mais de 200 crianças”, conta.
Já Luciene de Souza, 15 anos, decidiu alertar a comunidade sobre os perigos da dengue. “No início, pensamos em mobilizar um bairro, e, no final, beneficiamos três. Fizemos isso em parceria com os postos de saúde, explicando os riscos para os moradores”, destaca. Luciene, que sonha em se tornar médica e atender crianças da região, acredita que carregará para sempre a experiência que viveu no Trilhando Caminhos. “Na vida, você pode tirar tudo de uma pessoa, menos o conhecimento que ela acumula.”
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