Odebrecht Informa

Edição 169 – Instrumento de acesso aos sonhos

Parceria no Baixo Sul da Bahia faz surgir fundo que possibilita um decisivo apoio aos pequenos agricultores

16 de dezembro de 2013

texto Gabriela Vasconcellos
foto Fernando Vivas

Sete empresários rurais, com vontade de continuar no campo, estão escrevendo suas histórias em Presidente Tancredo Neves, na Bahia. Eles escolheram a agricultura como negócio e decidiram permanecer no local em que nasceram, ao lado da família. Para isso, estão trabalhando e buscando a sustentabilidade, cotidianamente, em cada plantação.

Todos são ex-alunos da Casa Familiar Rural de Presidente Tancredo Neves (CFR-PTN) – unidade que oferece o ensino profissional técnico em agropecuária, integrado ao Ensino Médio. Quando concluíram os três anos de formação na CFR-PTN, onde aprenderam administração, cooperativismo, manejo de solos e diversas culturas, depararam-se com este desafio: como se desenvolver e crescer produtivamente? Afinal, eles também tinham em comum a falta de terra. “A propriedade de minha família é pequena, e, quando terminei o curso, já havia utilizado todos os hectares disponíveis. Precisava de mais área para plantar”, explica Sandoval Santos, 26 anos, morador da comunidade da Serra da Bananeira.

Uma solução para transformar essa realidade foi identificada: o Fundo de Acesso à Terra (FAT). A iniciativa foi criada pela própria CFR-PTN, em parceria com a Cooperativa dos Produtores Rurais de Presidente Tancredo Neves (Coopatan) – instituições ligadas ao Programa de Desenvolvimento e Crescimento Integrado com Sustentabilidade do Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental do Baixo Sul da Bahia (PDCIS), fomentado pela Fundação Odebrecht e parceiros públicos e privados. “Vimos que cada jovem tinha, em média, apenas cinco hectares para produzir, o que não garante uma produção sustentável, e isso estava influenciando-os a ir para as capitais”, conta Juscelino Macedo, Líder do Negócio Mandioca e Fruticultura.

O FAT é um mecanismo que visa proporcionar assistência financeira a ex-alunos da CFR-PTN, que sejam associados da Coopatan, para que tenham condições de cuidar de seus projetos agrícolas e possam viver exclusiva e integralmente da renda gerada no campo. Os recursos que possibilitaram a aquisição de 138 hectares, divididos entre os selecionados, foram aportados pela Cooperativa, com apoio da Fundação Odebrecht.

“Os sete jovens tiveram uma história de formação diferenciada. Destacavam-se do grupo pela experiência e dedicação. Foram eles que nos escolheram e abraçaram o desafio de encarar esse projeto-piloto”, pontua José Neto, coordenador do Fundo e monitor da CFR-PTN.

Disciplina e valores éticos

Edvan Alcântara, 23 anos, é um dos participantes e acredita que foi possível mudar a trajetória de sua vida. “Com os ensinamentos colocados em prática, tenho conseguido chegar aonde nunca imaginei”, afirma o morador da comunidade Alto da Prata.  Benivaldo Santos, 26 anos, de Ouro Preto, tem sentimento semelhante. “Hoje sou referência na região e devo isso à disciplina e aos valores éticos que aprendi.”

Os agricultores que acessaram o FAT têm carência de um ano para começar a pagar a terra e o período máximo de 10 anos para restituir o valor total, que será utilizado para financiar novas áreas para outros jovens da região. Sandoval é também um dos que integram o Fundo. Antes, trabalhava como diarista em propriedades de terceiros. Atualmente, reúne parceiros e os remunera pelo serviço prestado. “As dificuldades foram muitas, e a falta de rentabilidade sempre foi um desafio, mas, plantando em áreas maiores, é viável. Tenho certeza de que posso viver do campo”, reforça o jovem empresário rural.

Como ele, Adriano Santos, morador de Ouro Preto, está apostando no FAT. “A renda aumentou. Mensalmente, tenho um lucro líquido de cerca de R$ 1.800,00 e a tendência é crescer ainda mais. No futuro, pretendo adquirir outra propriedade e dar continuidade aos plantios”, afirma o agricultor de 25 anos, que é também assistente educador na Coopatan, o que lhe permite compartilhar seus conhecimentos com a comunidade.

Marcelo Roma é um dos jovens que integra o Condomínio Agrícola Eliane Oliveira

“Queremos mostrar que não adianta ter preconceito com os produtores rurais. A gente move a cidade, move o mundo”, diz Marcelo Roma, 23 anos, que também aceitou o desafio do FAT e é morador da comunidade Gendiba. Seus plantios de mandioca, abacaxi e banana, assim como dos demais jovens, são comercializados por meio da Cooperativa. “A gente trabalhava, e, na hora da colheita, era um prejuízo, não tinha para quem vender. Agora existe destino certo para a produção”, assegura Ednei Lima, 19 anos, que reside em Ouro Preto e também participa do FAT.

Por meio da Coopatan, eles têm ainda apoio para acessar linhas de crédito rural, como o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), via Banco do Brasil. Além de financiar a plantação, o recurso viabiliza a aquisição de máquinas agrícolas. Jailton Ribeiro, 22 anos, também morador de Ouro Preto, comprou um trator que beneficia não só a sua produção, mas a todos os jovens apoiados pelo FAT. “Não tinha recurso para investir nem em uma bicicleta. Conquistei crédito, e o equipamento adquirido faz toda a diferença no plantio. Também o alugo para outros agricultores, o que gera mais renda”, comenta. “Este é o início da realização do meu sonho”, completa.

A área adquirida para dar início ao FAT foi batizada de Condomínio Agrícola Eliane Oliveira, homenagem a uma jovem que, aos 21 anos, foi a primeira presidente da Coopatan e morreu precocemente, em 2011, em um acidente. “Ela deixou sua marca na luta pela juventude do Brasil. Sua bandeira era acesso à terra para os jovens do campo”, assegura Juscelino Macedo. A história de Eliane os inspira.

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