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“Estou em casa”, diz Boni Yayi

A visita do presidente Boni Yayi, do Benin, o país africano que mais embarcou escravos para o Brasil como um todo e a Bahia no particular, foi marcada pela troca de amabilidades, como aliás, ele próprio fez questão de dizer.

18 de agosto de 2007

A visita do presidente Boni Yayi, do Benin, o país africano que mais embarcou escravos para o Brasil como um todo e a Bahia no particular, foi marcada pela troca de amabilidades, como aliás, ele próprio fez questão de dizer.

Fonte: Jornal A Tarde, 18 de agosto de 2007
Repórter: Levi Vasconcelos

No lado comercial, só manifestações de intenções. No social, a busca de ajuda para promover ações de combate à pobreza. No cultural, sim. Muito a dizer. Em suma, a visita do presidente Boni Yayi, do Benin, o país africano que mais embarcou escravos para o Brasil como um todo e a Bahia no particular, foi marcada pela troca de amabilidades, como aliás, ele próprio fez questão de dizer.

“Vim aqui ver nossos irmãos, mães, nossos parentes, meu sangue. Vim rever minha família. Estou me sentindo em casa”, disse na rápida entrevista que concedeu na sede da Construtora Norberto Odebrecht, na Paralela, ressaltando que Bahia e Benin estão unidos pelo sangue, que o Brasil é uma potência emergente reconhecida no mundo e veio aqui também aproveitar as afinidades culturais para tentar fazer novas parcerias.

“Alguns ex-escravos que conseguiram voltar para casa chegaram lá com saudades. Acenderam uma chama que nunca vai se apagar”, disse ele, para explicar por que veio pedir ajuda aos baianos em tecnologia e investimentos. Hoje pela manhã, ele irá a Iraquara, na Chapada Diamantina, visitar uma usina de biodiesel, por sugestão do presidente Lula, com quem esteve antes de chegar a Salvador.

CIDADES IRMÃS – Boni Yayi, que está no Brasil desde terça-feira e retornará ao seu país hoje à noite, desembarcou na Base Aérea de Salvador às 10h30, onde foi recepcionado pelo governador Jaques Wagner, acompanhado da primeiradama, Chantal de Souza Yayi, e de grande comitiva, no meio dela, o prefeito Pierre Badet, de Ouidah, cidade portuária do Benin de onde os escravos partiam para o Brasil.

Pouco depois do meio-dia, no Convento do Carmo, ele assinou juntamente com Wagner e o prefeito de Salvador, João Henrique, protocolos de intenções para a promoção do desenvolvimento econômico e comercial, de intercâmbios culturais, escolares e universitários e para ações nas áreas social e de gestão pública, além de um que declara Salvador e Ouidah Cidades Irmãs.

“Devemos muito a muita gente vinda do Benin. É claro que é um contato inicial, mas espero que a partir desta visita possamos intensificar os laços comerciais”, disse Jaques Wagner. “O significado cultural é extraordinário”, afirmou João Henrique, que foi convidado a visitar o Benin, juntamente com Wagner, pelo presidente Boni Yayi, mas não sabe se vai.

“O momento não é bom. O calendário está apertado agora. Estamos às vésperas de iniciar a campanha (eleitoral) pela reeleição”, falou o prefeito.

País pobre pede ajuda aos baianos

O Benin, país da costa atlântica da África, é pobre. O presidente Boni Yayi disse: “Somos oito milhões de habitantes. Sem exageros, de cada três, um está abaixo da linha da pobreza”. É para tentar minimizar esta situação que ele veio ao Brasil e quis conhecer as experiências do Programa de Desenvolvimento Integrado do Baixo Sul, que a Fundação Odebrecht toca.

Viu filmes sobre tudo que é feito lá, especialmente em questões temáticas, como o desenvolvimento de jovens. É um começo: “Ele veio buscar apoio e quer o apoio, o que é muito difícil até mesmo num país como o Brasil. E estamos prontos para ajudar”, disse o empresário Norberto Odebrecht, para assinalar que a Fundação Odebrecht está à disposição.

Mas deixou a entender que tudo ainda é muito incipiente. “Primeiro, ele tem que mandar gente para cá, para aprender”.

Na Fundação Odebrecht, Boni Yayi provou o acarajé baiano, que veio de lá do Benin, onde tem o nome de ‘acará’ e disse ter gostado. Assim que pegou, brincou com uma baiana. “O que ele está dizendo?”, perguntou ela, curiosa.

O tradutor explicou: “Ele está lhe convidando a ir para o Benin”. E a baiana, que tem a cultura, mas pouco sabe da origem: “E onde é que fica?” NA FIEB – Mas foram justamente as afinidades culturais do Benin com a Bahia que Boni Yayi evocou para dizer a empresários baianos na Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), onde esteve à tarde, que tal situação amplia as facilidades. Admitiu a pobreza, quando disse que lá “há tudo por fazer, tanto em infra-estrutura como na indústria”. E citou que espera dos baianos investimentos e tecnologia.

Afirmou que quer criar pólos industriais explorando o algodão, principal produto do país, e incrementar a indústria do petróleo, além de pisar fundo na produção de etanol, conselho que ouviu do presidente Lula. O presidente da Fieb, Jorge Lins Freire, deu acenos positivos.

Encarregou o Conselho de Comércio Exterior da instituição a construir uma agenda com a Embaixada do Benin no Brasil, que ainda está sendo criada, para estudar as possibilidades de investimentos. O comércio Bahia-Benin é pequeno: este ano, até julho, foi de U$ 323 mil.

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